#13: Re: Voo Circular - Equipa portuguesa-World Cup 2010 Author: Carlos Bastos,
Posted in this forum: Sun 25-07-2010, 11:30
Esta coisa do voo circular faz-me uma confusão do caraças! Afinal o voo circular é ou não é Aeromodelismo. Sei que vou causar alguma perturbação em certos espíritos, poucos, adeptos da modalidade mas não posso passar sem dizer aquilo que, ao longo do tempo, tenho vindo a observar.
Para a quase totalidade dos leitores deste fórum, o Aeromodelismo consiste em controlar aeromodelos. Para alguns também consiste em construir. E controlar significa obter determinadas atitudes de voo, produzindo perfeita estabilidade dinâmica nessas atitudes, à custa de um comando radioeléctrico e ou tirando partido de características auto estabilizadoras do modelo. E isto nos três eixos de, desculpem os anglicismos, “yaw, roll & pitch”.
Se o que acabo de escrever parece complicado eu descomplico dizendo que, por um lado, modelos como os de Voo Livre ou Old Timers rádio controlados são o paradigma da auto estabilidade, pois são capazes de voar sozinhos, sem intervenção de um piloto, por outro, os modelos de F3A, acrobáticos por excelência, são neutralmente estáveis (ou instáveis) necessitando das “unhas” do piloto para fazerem um voo condigno. Tudo o que é rádio controlo, incluindo os helis, situa-se entre estes dois extremos.
E o Voo Circular (VC)? Em 1942 só havia Voo Livre (VL). O rádio controlo era incipiente, a válvulas e baterias de chumbo. Lembremo-nos da tecnologia electrónica durante a 2ª guerra mundial. Nesse ano, um sujeito chamado Jim Walkers inventou o VC. E registou patente, isto nos EUA. É o modelo atado a dois fios que controlam, com um punho na mão do piloto e uma alavanca estilo comando de um sino, a bordo do modelo, o leme de profundidade. O modelo fica com um único grau de liberdade, comparativamente com os 6 graus do aeromodelismo de RC. É uma espécie de “pássaro enjaulado na gaiola”. Será que isto é Aeromodelismo no sentido e forma como o praticamos? E será que a FAI estava atenta quando atribuiu a esta actividade a subclasse F2?.
É verdade que o VC abriu as portas ao praticantes de maquetas voadoras, para quem até então era impraticável voá-las como modelos de VL. E permitiu um grande aperfeiçoamento dos motores glow de baixa cilindrada. E dos diesel de 2,5cc que não se usam para mais nada. Mas creio que foi só isso.
A partir da sua invenção, houve alguma divulgação da modalidade por todo o mundo. E, admirem-se, Portugal foi o país mais absorvente! Tal que, nos anos 60, praticamente só havia VC. E assim foi nas décadas seguintes. Na zona de Lisboa, o CAL, o Xenon e, particularmente o Colégio Militar foram os baluartes do ensino do VC. E quem aparecesse na escola de uma destas entidades para fazer Aeromodelismo era-lhes dito que aeromodelismo é VC. E foi destas associações que nasceu a federação portuguesa, que não mais é do que uma federação de VC em que , a certa altura, e felizmente, integrou ou teve de integrar elementos do Aeromodelismo RC.
E agora falemos da tal equipa nacional que neste momento disputa o Campeonato do Mundo. A equipa é desfalcada nas 3 (ou 4 ?) modalidades, o que mostra a insuficiência de praticantes cá no país. Mas se atenderem ao “site” do campeonato www.bumacofly.atw.hu vêm que isso acontece com a maior parte dos países lá presentes. É obvio que o VC não tem nenhuma expressão no aeromodelismo nacional ou internacional, mas não esqueçamos que o presidente da fpam foi mecânico de corridas, F2C, e não deve ser por acaso que apresentamos duas equipas nessa modalidade… E também, se analisarem os votos que cada clube dos 80 e tal que a fpam diz que existem, os votos dos de VC (alguns nem existem!) garantem a vitória nas votações das assembleias da fpam.
Nada tenho contra as dezenas de Aeromodelistas que começaram (e acabaram!) pelo VC. Eu próprio me meti nisso, quando era miúdo, porque era a única actividade aeromodelista existente por aqui. Compreendo perfeitamente pois, a quem queria começar a modalidade, era-lhe dito que aeromodelismo é VC. Posso comprovar isto!
E para terminar, uma referência às costumadas petas de alguns dos que ainda pretender engrandecer o VC. Neste Campeonato do Mundo, considerando as 3 modalidades FAI, vão estar presentes 166 concorrentes. Não são 300 e tal como por aí vai sendo dito. Só são contando com chefes de equipa, ajudantes, mecânicos, juniores, etc. Para fazer uma comparação, no Voo Livre, modalidade odiada pelo presidente da fpam, que sempre deu o seu melhor contributo para acabar com ela, no último campeonato do mundo, na Croácia, em 2009, estiveram 295 concorrentes nas 3 modalidades FAI. Praticamente todos os 39 países com equipas completas. Ver www.wch2009.com
Que fique a verdade.
CB
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