#59: Re: Combustivel caseiro Author: mac,
Posted in this forum: Mon 15-08-2011, 13:27
Bom… parece-me que quase todos têm uma quota-parte de razão! Mas quando se comparam lubrificantes para os motores das motos, sejam a dois ou a quatro tempos, ou para os motores a quatro tempos dos automóveis, com os lubrificantes para os motores a dois ou quatro tempos dos nossos modelos, a confusão é tremenda.
Comecemos por, muito genericamente, ver as características principais dos lubrificantes:
- Lubrificantes de origem mineral, sem aditivos – satisfazem as necessidades de lubrificação de qualquer motor para regimes até cerca das 15.000 a 17.000 RPM (rotações por minuto). Apresentam como grande inconveniente, para os motores dos nossos modelos, em particular para os ABC, o facto de criarem depósitos de carvão na câmara de combustão.
- Lubrificantes sintéticos, sem aditivos – satisfazem as necessidades de lubrificação de qualquer motor, mas para regimes que não ultrapassem as 10.000 RPM. Apresenta como grande desvantagem o facto de perder muita da sua capacidade de lubrificação acima das 10.000 RPM. Em contrapartida, tem a grande vantagem de não criar depósitos de carvão na câmara de combustão.
- Lubrificantes semi-sintéticos, sem aditivos – possuem as vantagens de lubrificação dos lubrificantes de origem mineral, minimizando a desvantagem dos depósitos de carvão na câmara de combustão.
- Óleo de Rícino (Castor Oil) – seria o óleo ideal, não fosse o seu preço! Tem as vantagens de ser um bom lubrificante para baixos e altos regimes, podendo (com alguns pozinhos que só os fabricantes sabem mas não dizem…) efectuar uma boa lubrificação para além das 25.000 RPM. Mas tem que ser preparado para essa função. Essa preparação resume-se a duas coisas vertentes – o óleo de rícino deve ser desgomado e deve ser preparado para ser facilmente solúvel no combustível quando se trata de motores a tempos.
Com esta introdução muito resumida aos lubrificantes, vejamos qual a razão que assiste ou não aos “adversários” do óleo de rícino.
É verdade que o óleo de rícino deixa os motores encardidos, cria depósitos de goma, cola os segmentos, cola os motores que estejam muito tempo parados, quando caí uma gotinha no tapete do carro deita um tremendo cheiro a ranço após algum tempo, etc… Tudo verdade! Mas… e aqui é que está a questão, que óleo de rícino usam os aeromodelistas que fazem o seu próprio combustível?
Alguns compram o óleo de rícino industrial, vendido vulgarmente nas drogarias – é um óleo que não vem desgomado, algumas vezes com baixo grau de pureza, eventualmente “baptizado” porque o óleo puro é um bom pedaço mais caro.
Outras compram o óleo de rícino nas farmácias, usado principalmente para crianças com dificuldades em obrar. Este óleo, apesar de mais puro que o industrial, também não é desgomado e tem um “aditivo” de que os motores não gostam muito!... É-lhe adicionado açúcar para o tornar mais agradável para os miúdos o ingerirem. Como compreenderão, não pretendemos que os motores dos nossos modelos sejam fabricantes de caramelo para untar as formas dos pudins… E ainda por cima esse caramelo cola melhor os motores que a goma do óleo de rícino…
Então o que fazer? Há várias opiniões sobre isso – que óleos usar e que percentagem no combustível.
Eu faço o meu próprio combustível. E não fica muito mais caro que o comprado feito. Posso transmitir o que resulta da minha experiência de vários anos (e não tenho segmentos colados, motores colados, etc… às vezes um pouco encardidos sim… mas por algum desleixo em limpá-los devidamente após um fim-de-semana de voos).
Combustível para motores a dois tempos
Para a rodagem e para o voo:
20% de óleo, sendo que desses 20% metade é óleo sintético KLOTZ e a outra metade é óleo de Rícino também da KLOTZ. Porquê o óleo de Rícino da KLOTZ? Porque já vem desgomado e preparado para se misturar facilmente com o óleo sintético da KLOTZ.
É verdade que posso misturar o óleo sintético KLOTZ com outro qualquer óleo de rícino, mas os dois nunca se diluem perfeitamente. Nunca repararam em alguns recipientes de combustível, numas bolinhas de óleo agarrado às paredes do recipiente? Sinal de que a mistura de óleos (ou outros aditivos) não é perfeita.
Combustível para motores a quatro tempos (excepto quando indicação em contrário do fabricante)
Para a rodagem:
O mesmo combustível anteriormente indicado para os motores a dois tempos.
Para o voo:
20% de óleo, sendo que desses 20%, 80 % é óleo sintético KLOTZ e 20% é óleo de Rícino também da KLOTZ (se utilizar 1 litro de óleo numa mistura de 20%, será 0,8 litros de sintético KLOTZ e 0,2 litros de Rícino KLOTZ).
ATENÇÃO! Alguns motores e estou a lembrar-me dos motores YS por exemplo, a percentagem da componente de óleo de rícino não pode ir além dos 2% no total da mistura de óleo. Caso a caso, sugiro que leiam as indicações dos fabricantes ou que utilizem a experiência de outros aeromodelistas.
|